domingo, 4 de maio de 2008

Emprego

Esse post é retroativo, resolvi reunir tudo que aconteceu nos últimos 4 meses com relação a trabalho.

Conseguir trabalhar aqui não é tão simples quanto eu imaginava. A minha sorte foi ter o apoio total da família, porque senão não teria condições de prosseguir com essa aventura. Não demorou muito pra me bater o desespero de arranjar algum emprego. Fiquei de olho nos anúncios, e dia 7 de fevereiro, eu vi um anúncio na newsletter da faculdade, que tinha uma posição aberta em uma das escolas. Mandei um e-mail, mas sem muitas esperanças porque pra quem tem visto F1, só pode trabalhar no campus da universidade. E entre os alunos de mestrado, acho que 90% são estudantes internacionais.

Trabalho no campus com o visto F1

Dia 21 de fevereiro eu fui chamada pra entrevista na “School of Systems and Enterprises”. A posição de “graduate assistant” (ou seja, auxiliar de escritório com diploma), tinha um requisito estranho, ser capaz de levantar 40lbs (+ ou – 20kg). Recebi a resposta na mesma tarde, dizendo que eu fui aceita. Comecei lá no dia 25 de fevereiro.

O motivo das 40lbs, é que a escola dá cursos em diversos lugares diferentes e o meu trabalho é empacotar o material dos cursos pra enviar pros professores. Faço outras coisas legais também, como emitir certificados e organizar as pastas dos alunos, mas o trabalho é em geral muito simples. Geralmente eu termino todo o trabalho em 2 horas. No começo eu ficava paranóica de não ter o que fazer, mas depois eu me acostumei com a idéia de que lá todo mundo faz lição-de-casa no trabalho.

O trabalho no campus paga 10 dólares a hora, podendo trabalhar no máximo 20 horas por semana. Isso ajuda a pagar a alimentação, mas passa longe de poder pagar a faculdade e aluguel. De vez em quando, através dos anúncios ou listas de e-mails surge uma oportunidade de fazer uns trocados extras, mas é pouca coisa.

A história do H-1B

O H-1B hoje é uma loteria. As inscrições são abertas no dia 1o. de Abril e esse ano teve um período de uma semana para enviar as inscrições. Pra conseguir um visto desse tipo, tem que ser através do empregador, ou seja, primeiro tem que ter alguém querendo te contratar. Uma pessoa não pode requerer o visto através de mais de um empregador por vez.

Só pra colocar no contexto, ano passado eu trabalhei em um projeto para um banco de NY. Depois de alguns mal-entendidos, eu já tinha me convencido que eles não iam me mandar pra cá pra trabalhar, mas eu acabei vindo por conta própria pra estudar. Quando souberam que eu estava por aqui, fui chamada pra passar lá no banco, então me perguntaram se eu queria tentar o H-1B. Sei que pode parecer loucura, depois de todo o trabalho de vir pra cá como estudante, mas depois de sentir na pele que passar o mês com menos de 800 dólares em NY não é uma boa idéia, não pensei duas vezes. Bom, é uma loteria, mas quem não tenta não ganha. Já estava perto do prazo, mas em menos de 2 semanas os advogados conseguiram reunir a documentação necessária e submeter a solicitação.

Dessa vez, tive que preencher um questionário de 12 páginas e mandar cópias de um monte de documentos, mas acredite, a parte mais trabalhosa e difícil ficou para os advogados do banco resolverem. É claro que o fato de eu já ter providenciado alguns desses documentos para a faculdade facilitou bastante pois eu já tinha o histórico escolar traduzido e outros documentos em mãos, mas a quantidade de documentos que eu tive que reunir pra e o total dos meus gastos para o F1 parecem brincadeira perto do investimento da empresa pra patrocinar um H-1B.

Enfim, começa a correria para tirar o visto de novo. Infelizmente, mudar o tipo de visto é como tirar um visto novo, tem que pagar taxa, ir ao consulado, fazer entrevista, etc. Vai ser trabalhoso, mas pelo menos é uma desculpa pra eu ir até o Brasil e matar as saudades do pessoal!