sábado, 18 de julho de 2009

Genève, Geneva ou Genebra



Genebra é diferente do que eu imaginava, fiquei surpresa quando o avião já estava bem pertinho de pousar e eu só via fazendas pra todo lado. A cidade mesmo não é muito grande. Eu também achava que Genebra era algo frio e meio cinza nas montanhas, mas fui surpreendida com um calor danado.

Foi a primeira vez em que eu estive num lugar onde se fala francês, mas deu pra passar numa boa. Tem muitos portugueses por lá e muita gente fala inglês. Até tentei arranhar uma frase ensaiada ou outra, mas meu francês (ou a ausência de) ainda me faz passar vergonha. Quando eu vim pra NY, eu achava o máximo ver o pessoal no banco fazendo aquela mistureba de portunhol com inglês, então em Genebra fiquei ainda mais maravilhada com o jeito que o pessoal troca de canal rápido entre francês, português e inglês.

A cidade é muito bonita, com seus prédios antigos e lojas chiques, mas o estranho é que apesar do turismo e do movimento de dia, depois do trabalho já estava tudo fechado não tinha mais quase ninguém na rua. Pra mim parecia tudo de mentira. Só nos últimos dias descobri que a parte animada da cidade é do outro lado do lago, onde o pessoal faz happy-hours ao ar livre. É engraçado porque tem muita gente que vai direto do trabalho e senta no gramado de terno e gravata pra tomar um vinho.

Todas as lojas abrem às 9 da manhã e fecham às 6 da tarde, pontualmente. Depois das 6 você não acha nem supermercado nem farmácia abertos, então imagina o desespero quando me dei conta de que tinha esquecido a escova de dentes.

Por falar em horário, foi uma péssima idéia sair de NY no domingo, chegar lá na segunda-feira de manhã e ir trabalhar. Isso porque eu vi o sol se pôr, dormi umas 3h no avião e já estavam passando o café da manhã. Fui pro trabalho desnorteada e demorou alguns dias pra superar a sensação bizarra que é começar a trabalhar quando seu corpo ainda diz que ainda são 4h da matina.

Em resumo, a cidade velha lembra a parte bonita de Sta. Tereza no Rio, com estreitas ruas de pedra, enquanto a principal rua de comércio com suas grifes e lojas de relógios tem um ar de 5a. Avenida em NY e também tem alguma coisa que me faz lembrar de Campos do Jordão. Mas é tudo mais bonito, tão bonito e tranquilo, que não é o meu lugar. Eu não via a hora de voltar pro caos e praticidade de NY.

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quinta-feira, 28 de maio de 2009

Economia Estadosunidense

(não quero dizer norte-americana porque o Canadá é grande)

Tem sido um momento emocionante para aprender sobre economia. O mercado está pra tudo quanto é lado e a verdade é que os Estados Unidos não serão pra sempre o carro abre-alas da economia mundial. Aqui é difícil pro pessoal admitir uma coisa dessas, mas a balança comercial está mudando rápido. Eu lembro das aulas de geografia e história, em que as professoras falavam da a dívida externa brasileira e como no Brasil nós já pagamos o equivalente a várias vezes aquela dívida original. É uma pena que uma mensagem tão clara se perca facilmente nas pessoas. (Cuidado com o cartão de crédito!) Aqui os americanos já perderam a noção do que significa dívida, e acham que vai ficar tudo bem se continuarem imprimindo dinheiro pra salvar os bancos.

Isso pode parecer muito óbvio, mas é extremamente importante: não deva.
Einstein já dizia, a maior força no universo é a força dos juros acumulados (ou "compound interest", como eles chamam aqui). E isso é verdade dos dois lados, mas você quer estar do lado que coleta os juros, não do lado que deve.

Não faz muito tempo atrás que o melhor jeito de guardar dinheiro no colchão era em dólares. Por incrível que pareça, isso está mudando. Outro dia fui a uma palestra do Peter Schiff, um dos caras que fez previsões para essa a crise de Outubro/08. Ele é um cara radical, então você tem que escutá-lo com cautela pra não sair comprando ouro e estocando latas de sardinha no porão, mas como outros investidores espertos, ele está "saindo do dólar". E aí, sai do dólar e vai pra onde? Pra China, Austrália, Noruega, e acreditem, tem muita gente investindo pesado no Brasil.

E eu com isso?
Isso são boas notícias pro Brasil. E a nossa geração, agora no mercado de trabalho, é que vai determinar como o país aproveita essa oportunidade. É difícil de imaginar como você pode influenciar o curso da história e como fazer o país amadurecer de maneira responsável, mas isso é possível. A verdade é que você influencia o mercado a cada decisão de compra, a cada Real que tira da carteira. Exigindo qualidade dos produtos, investindo em empresas que tem responsabilidade social e ambiental. Eu sei que isso pode parecer baboseira corporativa, mas você adicionou 200 amigos no Orkut e de repente as operações do Orkut tiveram que mudar pro Brasil deixando os americanos perplexos - isso é o poder de cada um.


Meu novo hobby
Esses dias eu me dei conta que já estabeleci uma rotina no meu dia-a-dia em NY. Longe do HondaClub e do velho Dodge cheio de ferrugem, eu estive me sentindo uma pessoa meio sem-hobby, mas não demorou pra eu adquirir um novo vício.

E o novo vício não podia ser mais Novaiorquino. Funciona assim: Todo dia eu acordo, vejo a previsão do tempo e a previsão do mercado. Volto pra casa, dou uma olhada no Google Finance e no Caps. Meu novo vício é esse "joguinho", onde as pessoas fazem recomendações para as ações. É lógico que estou achando super divertido porque minhas escolhas tem sido boas e porque quando a minha pontuação cai, eu não necessariamente perco dinheiro de verdade.

Pra mim tem sido um momento bom, porque pela primeira vez na vida estou levando as minhas finanças a sério, poupando mais e pensando no futuro ao invés de torrar as últimas economias em um novo jogo de rodas. Em São Paulo eu não tinha que me preocupar com aluguel, confesso que isso era muito cômodo. E o incrível é que aqui eu divido o aluguel e tenho as minhas finanças sob controle.